quinta-feira, 10 de abril de 2008

4.48 Psicose de Sarah Kane

"Estou a escrever uma peça chamada Quatro Quarenta e Oito Psicose. Tem semelhanças com Falta, mas é diferente. É sobre uma depressão psicótica. É o que acontece com a mente de uma pessoa quando as barreiras que distinguem a realidade das diferentes formas de imaginação desaparecem completamente. De maneira que já não consegues estabelecer a diferença entre a tua vida acordado e a tua vida em sonho. E também, não consegues – o que é muito interessante na psicose – não sabes onde é que tu acabas e o mundo começa. Por isso, por exemplo, se eu fosse psicótica, eu não sabia literalmente estabelecer a diferença entre mim, esta mesa e o Dan. Fariam todos parte de um continuum. E as diversas fronteiras começam a desabar. Formalmente também estou a deitar abaixo alguns limites. Continuar a fazer a forma e o conteúdo num só. Isso tem-se vindo a provar extremamente difícil e não vou dizer a ninguém como o vou fazer, por isso se algum de vocês chegar lá primeiro eu ficarei furiosa. Seja lá o que for que iniciei com Falta, desta vez vai um passo mais à frente. E para mim essa linha é muito clara e vai desde Ruínas através de O Amor de Fedra até Purificados e Falta e até esta agora. Para onde vai depois disso não tenho ainda a certeza."
Sarah Kane (Trad.: PM)




As últimas notas sobre dor, angústia mental, cáusticos relatos do uso terapêutico de drogas, escritos por Sarah Kane, vão estar em cena no ESTÚDIO ZERO, de 10 a 24 de Abril, tomando novamente fôlego para os dias 1 a 18 de Maio, de Terça a Domingo sempre às 21h45.


Encenação: Luís Mestre
Tradução: Pedro Marques
Cenografia: Pedro Novo
Design de Luz: Luís Mestre e Manuel Pereira
Elenco: Daniel Pinto e Maria do Céu Ribeiro






Estúdio Zero - Rua do Heroísmo,86 (Metro do Heróismo)

INFORMAÇÕES E RESERVAS

225373265


estudio0.blogspot.com


Um comentário:

Virgínia disse...

Já o disse pessoalmente, mas porque não sou tímida na escrita e como ainda não havia qualquer comentário neste blog... Parabéns pela peça!
Parabéns Maria do Céu pela precisão no discurso e pela tua elasticidade na interpretação que conduz aos sentidos mais inesperados. Tudo é surpresa na sua interpretação! E o denso, o complexo aparentemente pesado, torna-se profundo e belo. Parabéns ao Daniel pela sua expressividade e - sobretudo - pela cena "tac tac tac" que eu adorei!
Fico à espera de mais peças :)